Um erro comum, cometido pela maioria de jogadores iniciantes e inexperientes, certamente é como adaptar ranges de acordo com posição e adversários. Tal assunto poderia render amplo debate e estudo mas, da forma mais sucinta possível, tentarei exemplificar como creio ser a melhor forma de pensar adaptação de ranges.

Em primeiro lugar, pôquer é um jogo sobre pessoas em que se usam cartas e fichas. Inevitavelmente, no longo prazo, os melhores e mais preparados jogadores irão ficar com os maiores ganhos, isso é incontroverso. Não estou considerando aqui downswings, bad runs, bad beats em potes grandes, etc...

Partindo de tal pressuposto, temos um conceito evidente do pôquer a nossa frente: o dinheiro não vem dos bons jogadores, mas daqueles mais fracos que nós. Logo, embora soe óbvio, não custa frisar que devemos jogar mais mãos contra jogadores mais fracos e menos mãos contra jogadores mais fortes. Portanto, algo que jogadores fracos, iniciantes ou inexperientes não se dão conta, é que as mesmas mãos que eles deveriam jogar contra outro jogadores fracos, devem foldar sem hesitação contra jogadores competentes.

O que eu vejo, todos dias nas mesas, são jogadores ruins jogando mãos que não deveriam contra bons jogadores. É como se eles tivessem na cabeça que é standard pagar qualquer raise, seja de quem for, da posição em que se abriu, os stacks e históricos entre si, com aquele AQo. Isso é péssimo e custa muito dinheiro a longo prazo.

Este artigo não irá repassar uma tabela de mãos para facilitar a adaptação de ranges de acordo com o adversário e outros fatores, mas tem como objetivo abrir a cabeça do leitor para um ponto muito simples e crucial para o sucesso nesse esporte: jogar ranges mais capados, de acordo com a habilidade do oponente(es) que se está enfrentando. Em outras palavras, devemos ter em mente jogar somente as melhores mãos, quanto melhor e mais competente for nosso adversário. E, se acharmos que ele é muito bom e não nos sentirmos confortáveis com a maior parte de nosso range, simples: foldamos e vamos para a próxima mão. Lembra-se: pôquer também é um jogo de confiança! Evidente que devemos ter o cuidado para não nos tornarmos exploráveis, mas isso será abordado de forma mais especifica em um artigo futuro.

Eu, mesmo após cinco anos jogando cash games de forma profissional, não me canso de foldar grandes mãos pré-flop contra bons jogadores. Costumo dizer que pôquer, dentre outras tantas coisas, é não se colocar em situações difíceis e complexas. Elas já irão aparecer de forma natural, inevitavelmente. E, tenha certeza, tudo isso passa por uma correta seleção e adaptação de ranges pré-flop.

Então, para finalizar, tenha em mente em suas próximas sessões ter um range cada vez mais capado contra bons jogadores, ao mesmo tempo em que abre o leque contra os mais fracos. Não seja um robô: pense em ranges, faça as adaptações corretas e passe a lucrar mais jogando mãos que se sinta confortável.
 
Daniel Dornelles