Paulo Henrique Athanazio, o "Dodô", expõe os desafios e prejuízos financeiros enfrentados após se tornar dependente de jogos.
Em uma reveladora entrevista ao portal ge, Paulo Henrique Athanazio, mais conhecido como Dodô, um ex-atleta promissor do futebol brasileiro, compartilhou sua amarga jornada com as apostas esportivas. Hoje com apenas 25 anos, Dodô se vê sem recursos financeiros e distante do esporte que tanto amou, resultado de um vício que lhe custou mais de R$ 1 milhão em perdas financeiras.
A trajetória de Dodô no futebol começou promissora, culminando em sua conquista do título da Segunda Divisão Paulista pelo Grêmio Prudente. No entanto, essa ascensão foi abruptamente interrompida por sua crescente dependência das apostas, que inicialmente eram vistas como uma forma de diversão e possível renda extra. "No começo, eu não via problemas nas apostas. Era apenas uma maneira de me distrair e tentar ganhar um dinheiro a mais. Mas logo isso se tornou uma obsessão", relatou o ex-jogador.
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De acordo com Dodô, suas primeiras experiências com as apostas surgiram através de colegas do meio futebolístico, que o incentivaram a entrar nesse mundo. O então jovem atleta começou a apostar pequenas quantias, acreditando que poderia transformar valores modestos em ganhos significativos. "Fazia apostas de R$ 10 para tentar ganhar R$ 1.000, mas nunca conseguia. Depois, fui seguindo dicas de pessoas na internet e aumentei os valores, achando que era assim que conseguiria vencer", explicou.
As apostas rapidamente se tornaram uma roda viva, levando Dodô a oscilar entre vitórias e derrotas, criando um ciclo vicioso difícil de romper. "Cheguei a ganhar R$ 50 mil em um fim de semana, mas também perdi a mesma quantia em outra ocasião. A sensação de poder recuperar o que perdi me mantinha preso nesse ciclo", confessou. Essa compulsão não só drenou suas economias, como fez com que vendesse bens pessoais, incluindo um carro e um apartamento, em sua tentativa desesperada de compensar perdas.
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O impacto das apostas na vida de Dodô foi além das finanças. O atleta se viu cada vez mais isolado, afastando-se de amigos e familiares, enquanto sua carreira se deteriorava substancialmente. "Eu passei a pedir empréstimos para colegas, muitas vezes sem contar o real motivo. Isso só aumentou meu distanciamento das pessoas que me cercavam", lamentou.
A avalanche de responsabilidades e a pressão das apostas afetaram seu desempenho em campo consideravelmente. Com noites em claro, acompanhando jogos internacionais, sua falta de sono prejudicou sua concentração durante os treinos e partidas. "Meu rendimento caiu drasticamente. Às vezes, eu tinha treinos às 8h da manhã, mas estava acordado até tarde apostando em jogos que começavam de madrugada. Eu ia para o treino, mas não conseguia me concentrar. Era como se eu estivesse sempre em um estado de neblina", refletiu.
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Com o reconhecimento de sua adição, Dodô entende agora que sua relação com as apostas não só comprometeu sua carreira, mas resultou em um desvio de seu foco e paixão pelo futebol. "Eu percebi que minha prioridade não era mais jogar, mas tentar recuperar o que havia perdido nas apostas. Quanto mais perdia, mais investia, numa esperança vã de reverter a situação", revelou.
Atualmente, Dodô está longe dos gramados e enfrenta a dura realidade de suas decisões. Ele permanece determinado a alertar outros jovens atletas sobre os perigos das apostas esportivas, enfatizando a importância de buscar ajuda ao perceber sinais de dependência. "Quero que outros jogadores entendam que manter esse controle é crucial. Eu desejo que minha experiência sirva como um aviso sobre os riscos que as apostas representam e como isso pode desviar um sonho tão precioso."
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Além de sua luta pessoal, Dodô enfatiza a necessidade de um diálogo maior sobre o assunto dentro das instituições esportivas. "Precisamos falar sobre isso nas categorias de base, ensinar aos jovens a lidar com essas questões antes que elas se tornem incontroláveis", defendeu.
Apesar dos danos ocasionados por sua dependência, Dodô permanece esperançoso. Através de sua experiência, ele busca não apenas a própria recuperação, mas também a conscientização necessária para que outros não enfrentem o mesmo caminho solitário e doloroso que ele percorreu. O ex-jogador, que teve passagens marcantes por clubes como Comercial-SP, Botafogo-SP, Bahia, Mirassol, Anápolis e Democrata-MG, agora deseja um novo começo, focando no futuro e na recuperação de sua vida, longe do vício que quase destruiu seus sonhos.
